O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – MAPA, acaba de publicar mais duas Instruções Normativas – INS 76 e 77, criando novos parâmetros e exigências quanto às normas de qualidade do leite na propriedade e na indústria, incluindo também, o atestado de brucelose e tuberculose do rebanho. Para discutir sobre o assunto, e também sobre a necessidade de um laboratório credenciado à Rede Brasileira de Qualidade do Leite-RBQL, e que a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará, promoveu nesta terça-feira, 3, uma reunião do Pacto de Cooperação da Agropecuária do Estado do Ceará-AGROPACTO, com a participação do Diretor Presidente do Instituto CENTEC- Silas Barros Alencar, e uma equipe da Faculdade de Tecnologia de Quixadá-FATEC-SC, o Diretor Francisco Jardiel Rodrigues Paixão, os professores Claudio Gonçalves Paulino, Coordenador do Eixo de Produção de Alimentos e Natália Duarte, responsável técnica do Laboratório do Leite –LAQLeite.
A reunião contou ainda,com a presença do secretário executivo da Secretaria de Ciência Tecnologia e Ensino Superior- SECITECE, Francisco Carvalho de Arruda Coelho, do Secretário executivo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado- SEDET, Silvio Carlos Ribeiro, representantes da ADAGRI- Agencia de Defesa Agropecuária, da Secretaria de Desenvolvimento Agrário-SDA, Ematerce, produtores e presidentes de Sindicatos Rurais de Quixeramobim, Cirilo Vidal, de Quixadá, Fausto Nobre e de Canindé Beltoldo Uiaquerê.
Os dois professores da FATEC apresentaram detalhadamente todas as informações na IN 76 que diz respeito ao controle de qualidade do leite e a IN 77, que trata da política leiteira, destacando a importância da boas práticas sanitárias tanto por parte do produtor, como da indústria, que trazem benefícios à saúde da população. O Brasil é o quinto maior produtor mundial de leite e o Ceará, o segundo maior produtor de leite do Nordeste, mas infelizmente ainda não exporta seus produtos, devido a falta de controle sanitário, afirmaram. Eles informaram que o Laboratório do FATEC/CENTEC instalado em ambiente especial, tem serviço de água tratada e energia, e especialmente, um corpo técnico de 14 professores, dos quais 4 doutores (2 pós-graduados), 6 mestres e 4 especialistas, entre engenheiros de alimentos, tecnólogos em alimentos, tecnólogos em agronegócio, recursos hídricos, irrigação, engenheiro agrônomo. Faz pesquisas em várias áreas, inclusive sobre higiene na ordenha, qualidade da água, com mais de 50 trabalhos publicados na área do leite, publicados em boletins internacionais.
Para o Presidente da FAEC Flávio Saboya as responsabilidades agora serão compartilhadas entre produtores e indústria e chamou a atenção para a ausência de um laboratório no Estado ligado a Rede Brasileira de Qualidade do Leite-RBQL, ao mesmo tempo em que sugeriu o credenciamento do LAQLeite de Quixeramobim, considerada a maior bacia leiteira do Estado, com uma produção dia de 200 mil litros de leite, fora outros municípios da Região do Sertão Central, como Jaguaretama que produz 70 mil litro de leite/dia, Senador Pompeu: 60 mil Milhã: 60 mil. Nesse sentido, encaminhei oficio ao Secretário Executivo do MAPA, Marcos Montes Cordeiro, solicitando uma auditoria orientativa nestes laboratórios da FATEC-SC, a fim de preparar os mesmos para atender as demandas do Estado e em um futuro próximo à Região . Conforme disse Saboya, a FATEC tem hoje uma capacidade reduzida de análise de 20 amostras/ dia, e em face as determinações das novas instruções do MAPA, seriam insuficientes para o atendimento das necessidades.
Segundo o Presidente do Presidente do Instituto Centec, Silas Barros de Alencar, foi um momento muito importante e produtivo do AGROPACTO, onde aprendemos as novas instruções normativas do MAPA. Saímos daqui com uma agenda formada, onde nós possamos buscar sempre a melhor qualidade e investimento, além do acompanhamento de todo o setor, disse ele.
CAPACIDADE DO LAQLEITE QUIXERAMOBIM
A propósito da capacidade de análise do LAQLeite, o professor Claudio Gonçalves da FATEC disse que estão apenas aguardando a certificação do IMETRO e orientação do MAPA para credenciar o laboratório de Quixeramobim à RBQL, o que aumentará a capacidade de análises e também o leque de análises. A FATEC está pleiteando trazer os equipamentos do laboratório de Recife, que fechou para o LAQLeite. O Secretário executivo da SECITECE, Francisco Carvalho de Arruda Coelho, disse que a ideia do governo é somar o acervo dos laboratórios do NUTEC, FATEC, para instalar um novo laboratório, financiado pela iniciativa privada, mas anunciou que ainda está em discussão e que haverá uma reunião com os diversos entes envolvidos, inclusive a Federação da Agricultura, o MAPA, e as industrias de lacticínios.
O secretário executivo de agronegócio da SEDET, Silvio Carlos Ribeiro Silvio Carlos Ribeiro – reconhece que o estado está precisando de um laboratório, para que possamos fazer todos os teste necessários para as amostras de leite. “Isso é importante para o estado e para o setor”, disse. Temos produzido e exportado cada vez mais, por isso necessitamos se modernizar, e o laboratório será muito importante. No projeto do Leite que estamos discutindo com a FAEC e o Sindilacticinios , já foi colocada a necessidade do setor produtivo ter disponível o Laboratório de Análise do Leite, para oferta de serviços, disse Silvio Carlos. O Assessor Técnico da CBL-Leite Betânia, Francisco Zuza de Carvalho, sugeriu que o Instituto CENTEC/FATEC elabore uma proposta concreta das necessidades e encaminhe ao MAPA, informando ainda, que o deputado federal Domingos Neto, está disposto a inserir nas emendas parlamentares, recursos para o Laboratório de Quixeramobim.
Cirilo Vidal – Presidente do Sinrural de Quixeramobim, afirmou que o município tem a maior produção de leite do estado do Ceará, produzimos 200 mil litros de leite por dia, temos uma excelência genética em gado de leite e cerca de 3.200 produtores. Precisamos de um laboratório, que atenda o laticínio do Ceará e aos produtores. O laboratório é uma necessidade, porque para o produtor se enquadrar no normativo ele tem que ter um acompanhamento, além de trabalhar na prevenção de doenças.
Já o presidente do Sindicato Rural de Quixadá, Fausto Fernandes reivindicou que o Laboratório da FATEC Quixeramobim fizesse a cultura antibiograma, que detecta a doença mastite nas fêmeas, uma das principais causas de redução da produção; Ele sugeriu ainda, que o produtor, fique com uma contra prova na entrega do leite in natura, pois muitas vezes a industria faz a coleta do leite em várias propriedades e no final, quer penalizar o produtor com taxas pela não qualidade do leite.
Entre as boas práticas destacadas pela professora Natália Duarte , responsável pelo Laboratório da FATEC, destacamos educação continuada dos produtores, plano de qualificação dos fornecedores, atestado sanitário do rebanho e a qualidade microbiológica. Confira abaixo.
Boas práticas
I – higienização dos equipamentos, utensílios e do veículo transportador;
II – determinação do volume ou pesagem do leite;
III – seleção pelo teste do Álcool/Alizarol, em cada latão, com concentração mínima de
72%v/v;
IV – registro em planilhas da identificação do produtor, volume, data e a hora da
chegada do leite e o resultado do teste do Álcool/Alizarol.